Cara a Cara: Aldo Rebelo acusa Moraes de promover censura

A ameaça de prisão feita pelo ministro do STF Alexandre de Moraes ao ex-deputado e ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo rendeu a acusação do político de que o juiz estaria promovendo censura durante o julgamento dos acusados de envolvimento no 8 de janeiro.

A oitiva de Rebelo, que prestou depoimento como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, revelou um embate claro entre os dois.

Interrompido por Moraes, ao dar esclarecimentos à Corte, Rebelo acrescentou que não admitiria “censura” à sua oitiva.

Moraes X Rebelo

O embate no STF ocorreu nesta sexta-feira, 23, depois de uma pergunta feita pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Gonet quis saber ser Garnier teria colocado tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro — o que indicaria apoio à suposta trama golpista.

Aldo Rebelo reagiu. Afirmou que era necessário considerar o sentido da expressão “estar à disposição” dentro da língua portuguesa.

“É PRECISO LEVAR EM CONTA QUE, NA LÍNGUA PORTUGUESA, USAMOS COM FREQUÊNCIA A FORÇA DA EXPRESSÃO. ELA NUNCA PODE SER TOMADA AO PÉ DA LETRA”, ARGUMENTOU REBELO. “QUANDO ALGUÉM DIZ ‘ESTOU FRITO’, ISSO NÃO SIGNIFICA QUE ESTÁ NUMA FRIGIDEIRA. QUANDO DIZ ‘ESTOU APERTADO’, NÃO QUER DIZER QUE ESTÁ SOB PRESSÃO FÍSICA. QUANDO ALGUÉM AFIRMA QUE ESTÁ À DISPOSIÇÃO, A FRASE NÃO PRECISA SER LIDA LITERALMENTE.”

Censura no julgamento

A fala irritou Moraes. “O senhor estava na reunião quando o almirante Garnier usou essa expressão?”, indagou o ministro do STF. Rebelo respondeu que não.

“Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”, reagiu o magistrado.

Rebelo rebateu:

“Em primeiro lugar, a minha apreciação da língua portuguesa é minha, e eu não admito censura”.

Moraes disse:

“Então se comporte e responda à pergunta. Testemunha não pode dar seu valor à questão”.

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