A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teve seu sigilo derrubado nesta quarta-feira (19).
Todas as teses sustentadas por Cid durante os depoimentos de sua delação premiada já são publicamente conhecidas por causa de vazamentos à imprensa.
A novidade dos documentos divulgados nesta quarta é que as audiências estão reproduzidas na íntegra, inclusive com diálogos do ministro do STF Alexandre de Moraes com Cid.
No teor das conversas, chamam a atenção ameaças proferidas por Moraes em uma audiência ocorrida em 21 de novembro de 2024.
“Eu quero fatos, por isso eu marquei essa audiência. Eu diria que é a última chance do colaborador dizer a verdade sobre tudo”, disse Moraes.
“Eu vou passar a palavra a ele [Cid], só que eu já… Porque depois – e quero, aqui, não vai dizer que não avisei –, depois eu tenho aqui um relatório detalhado não só da investigação como do novo relatório que a Polícia Federal com 700 páginas detalhadas”, acrescentou Moraes.
Pressionado pela possibilidade de ter o acordo de colaboração premiada rescindido, o ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro chegou a mudar pontos fundamentais de seu depoimento.
Depois, o ministro do STF foi ainda mais enfático. Este foi um diálogo entre Moraes e Cid:
Moraes: Eventual rescisão [da colaboração] englobará inclusive a continuidade das investigações e responsabilização do paido investigado, de sua esposa e de sua filha maior. Eu gostaria de saber se o colaborador está plenamente ciente das consequências da manutenção dessas omissões e contradições”.
ABORDAGEM DE MORAES É ILEGAL
Para a consultora jurídica Katia Magalhães, a abordagem de Moraes é ilegal.
“A ameaça a parentes próximos aniquila qualquer possibilidade de voluntariedade na manifestação de vontade, requisito indispensável à validade de uma colaboração”, diz.
Continue ao nosso lado. Veja mais notícias em: www.mspontocom.com.br
Instagram e X: @mspontocom