Em missão no Brasil para avaliar possíveis riscos no combate a corrupção, um grupo de trabalho da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) demonstrou preocupação com decisões como a tomada pelo presidente do SRF, Dias Toffoli, que vetou o compartilhamento de dados fiscais e bancários entre órgãos de investigação sem prévia autorização judicial.
A lei de abuso de autoridade, aprovada pelo Congresso, e a proibição da prisão em segunda instância – decisão tomada pelo Supremo na semana passada – também foram citadas pelo grupo da OCDE como medidas que podem atrapalhar os esforços contra corrupção e o combate à lavagem de dinheiro e ao terrorismo.
Ingresso
O Brasil quer ingressar na OCDE como membro permanente .
A entrada no “clube dos países ricos”, como é conhecido, é uma das principais aspirações do governo Bolsonaro na área internacional.
O presidente do grupo de trabalho antissuborno disse que a situação do Brasil no mercado financeiro internacional ficará prejudicada se o Supremo mantiver a decisão do Supremo sobre o compartilhamento de dados da Unidade de Inteligência Financeira (UIF) – antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (coaf).
O fim da prisão em segunda instância, segundo o presidente da missão antissuborno, é preocupante porque faz os brasileiros “começarem a pensar que a impunidade voltou”.
O representante da OCDE demonstrou preocupação também com o possível desvirtuamento do pacote anticrime no Congresso.
O risco, segundo Drago Kos, é que parlamentares façam alterações nos projetos para incluir medidas que, em vez de favorecer, dificultem o combate ao crime
fonte: Breno Pires, O Estado de S.Paulo