ARTIGO: Como saber se um instituto de pesquisa é confiável?

Aproximam-se as eleições que serão realizadas no dia 2, e neste momento surgem inúmeras pesquisas eleitorais. Mas, afinal, qual delas tem mais credibilidade?

Os institutos de renome no País, como o DataFolha ou o IPEC (antigo Ibope), são melhores que os outros institutos de pesquisa?

A resposta é não. Não importa o tamanho ou a exposição que o instituto de pesquisa tenha, mas, sim, os procedimentos que influenciam em seus estudos e processos.

O problema é que muitas vezes a ética profissional é deixada de lado para fins mercadológicos e, assim, no intuito de manipular ou criar Fake News, surgem pesquisas com números tendenciosos em todas as eleições.

Um dos caminhos para começar a separar o joio do trigo é analisar o histórico do instituto de pesquisa, seu tempo de atuação no mercado, quem são seus responsáveis e se há credibilidade na região em que atua.

Conforme estudos realizados com pesquisas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os institutos de pesquisa que são associados à Associação Brasileira de Empresa de Pesquisas (Abep)costumam ser mais confiáveis em seus resultados.

Um dos motivos desses acertos é que os associados seguem normas e regras que os não associados não seguem e muitas vezes fazem pesquisas com números fora da curva.

Para filiar-se à Abep, a empresa precisa cumprir certos requisitos que alguns institutos de pesquisas não possuem e sem filiação não tem representatividade, ficando à mercê de suas próprias normativas.

Outro ponto importante para a veracidade e a confiabilidade da pesquisa é verificar o registro no TSE se a pesquisa foi paga por alguém identificável, ou seja, se o instituto de pesquisa emitiu a nota fiscal ao contratante. É de praxe que alguns institutos de pesquisa paguem com recursos próprios, o que levanta suspeita é por conta de dois pontos:

1 – Pesquisas eleitorais são muito caras, gera despesa e tempo para a organização de um trabalho;

2 – Essas empresas têm como capital (receita) a comercialização desses serviços, então é incoerente que ela mesma se pague para divulgar pesquisas. Empresas que se coloquem como contratante podem estar ocultando o verdadeiro contratante, já que ela se autodeclarou a patrocinadora.

E, como efeito cascata, pode se questionar outros interesses por detrás desses estudos.

Não é ilegal se o próprio contratante custear uma ou outra pesquisa e às vezes pode se fazer a fim de divulgar um trabalho, mas quando a exceção vira regra é que as suspeitas começam a ter consistência. Existem institutos de pesquisa que registram dezenas ou até centenas de pesquisas no TSE com apenas um ou outro contratante.

Uma empresa que só tem despesa e não gera receita não sobrevive e por essas ações fica claro uma ocultação dos verdadeiros contratantes, isso sem falar na sonegação de impostos.

Essa transparência sobre quem está contratando a pesquisa, portanto, é relevante para identificar a credibilidade dos institutos de pesquisa. É possível consultar todas as pesquisas registradas no TSE de qualquer instituto do País.

A última dica é não acreditar em institutos de pesquisas que dizem “acertar” ou “cravar” os resultados das pesquisas nas urnas ou qualquer outro adjetivo do gênero para se autopromover.

As pesquisas eleitorais são um diagnóstico, ou seja, um juízo ao momento de um estudo, e não um prognostico, um conhecimento ou juízo antecipado.

Ela retrata o momento no qual o estudo foi realizado. Elas têm como finalidade mostrar como estão os candidatos no momento em que foi realizada, sendo assim no dia da eleição pode se ter números diferentes daquele momento em que foram coletadas as entrevistas.

Os institutos de pesquisas têm um papel fundamental na democracia para informar aos eleitores sobre os candidatos, porém esse direito não pode ser distorcido ao criar uma pós-verdade e gerar dados que levem o eleitor ao erro.

Texto de Aruaque Fresato Barbosa – Proprietário do Instituto de Pesquisa Resultado, publicado no Correio do Estado em 29 de setembro

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